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25/09/2018   /   Dra. Carla Carioni /   Constelação Familiar

Constelação Familiar e religião, uma dúvida recorrente.

Tem quem ache que não pode recorrer à Constelação Familiar por motivos religiosos. Mas a técnica nada tem a ver com religião e eu vou explicar o porquê!

Para falar sobre Constelação Familiar e religião, preciso primeiro explicar o que é fenomenologia. Você já ouviu falar do termo? Conceito criado pelo filósofo alemão Edmund Husserl no começo do século XX, a Fenomenologia trata-se de como as coisas se manifestam no tempo e no espaço e como elas são percebidas, independentemente de terem uma comprovação técnica científica. No caso da psicologia, por exemplo, a Fenomenologia é bastante usada para entender como os pacientes absorvem o que lhes acontecem e como isso modifica o modo como eles compreendem o mundo à sua volta. É ciência.

E a Constelação Familiar, criada pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, está totalmente baseada na fenomenologia. Ela trabalha segundo fatos concretos que são passados de geração em geração pelo modo como as pessoas acabam percebendo o mundo depois do ocorrido. Muitas das nossas verdades não o são por essência, são crenças que foram geradas por acontecimentos que podem ou não ter ocorridos diretamente conosco, mas que carregamos em nosso intelecto ou em nossas memórias, mesmo as que foram, de forma fenomenológica, sendo repassadas antes de nascermos.

 

A Constelação não exclui a religião, mas não está diretamente ligada a ela.

Veja bem, a Constelação Familiar é um processo que pode sim, dependendo da crença da pessoa, apropriar-se de conexões espirituais ou de alma. Mas assim o é pela forma como o constelado percebe o mundo, e não por essência da técnica. O que quero dizer é: se a pessoa tem a crença espiritual e vai a uma Constelação, inclusive essa crença fará parte do processo. Já no caso de constelados que não têm uma inclinação espiritual que transcende o momento atual, ainda assim, de forma fenomenológica, o processo vai acontecer. Porque as crenças, as memórias e os paradigmas que foram criados através das gerações estão ali e são um fato. Como já diz a famosa frase, "contra fatos, não há argumentos".

Existe uma confusão entre Constelação Familiar e religião porque a primeira aborda termos como antepassados, influência de gerações anteriores, de quem já morreu etc. Mas as duas, Constelação e religião, só estão conectadas pela crença que a pessoa tem, ou não. E devo dizer, para também deixar bem claro, que até mesmo os resultados de um trabalho de Constelação Familiar não são imateriais ou acontecem por um passe de mágica. Pelo contrário, como já falei aqui, os resultados da Constelação são percebidos aos poucos, na medida em que a pessoa se apropria da sua força, da sua responsabilidade nos fatos, e inicia um novo tipo de comportamento.

Como a pessoa faz parte de um sistema, assim como ela foi influenciada por esse sistema, o caminho inverso também se dá. Ou seja, a partir da tomada de consciência do indivíduo constelado e de sua posterior mudança de comportamento, todo o sistema é afetado e as mudanças são percebidas. Para quem vê esse processo de fora, sem ter conhecimento de como ele acontece, pode parecer tudo etéreo e espiritual. Não é. É comportamental e, portanto, passível de ser comprovado fenomenologicamente. Existe um motivo para a mudança e ela é real. Portanto, se você está com receio de conhecer ou mesmo participar de uma Constelação, pode começar a repensar. E se tiver dúvidas, compartilhe nos comentários que eu te ajudo a desvendar esse universo tão rico e que reverbera saúde emocional.


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