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29/05/2019   /   Drª Carla Carioni /   Constelação Familiar

As ordens do amor

A Constelação Familiar foi criada para ajudar a reconstruir o equilíbrio dentro do sistema familiar. Para isso, acontece dentro de três leis fundamentais para seu sucesso e para que as relações sejam mais proveitosas e funcionem dentro de uma determinada ordem. Saiba quais são.

Para Bert Hellinger, criador da Constelação Familiar, o dar e receber e para quem dar e de quem receber são ações fundamentais para o equilíbrio das relações sistêmicas. Para que as forças do amor em nosso sistema familiar possam fluir e que o nosso destino possa ter sucesso, força e bem-estar, precisamos receber as energias de nossas gerações anteriores e respeitar três ordens fundamentais, que são:

1. Hierarquia: Na lei da hierarquia, entendemos que quem vem antes tem realmente precedência. Há uma ordem a ser seguida. Assim, os pais vêm antes dos filhos, os avós, antes dos pais, o primeiro filho, antes do segundo, e assim por diante. Precisamos entender que não é uma ordem de importância, mas uma forma de cada um ter seu lugar no sistema e atuar da maneira que lhe cabe neste lugar específico. Temos exemplos de filhos mais novos, por exemplo, que tomaram a frente no negócio do pai, ao invés dos filhos mais velhos, e tiveram seus negócios transformados em um eterno problema. Empresas com esse tipo de caminho tendem a fechar ou ter que entregar sua direção para pessoas de fora da família. Tudo porque uma ordem foi negada. Da mesma forma, pela lei da hierarquia, entendemos que os filhos precisam ser filhos, e não pais de seus pais. Quando esse tipo de comportamento inverso acontece, há também um desequilíbrio no sistema. Observar a hierarquia é uma forma amorosa, porém firme, de colocar cada pessoa em seu lugar, não lhe dando mais nem menos do que lhe cabe fazer. Os pais sempre serão os grandes e primeiros diante seus filhos, pois os filhos não podem dar a seus pais a própria vida. Ou seja, eles não podem serem considerados maiores, pois existe algo que eles jamais poderão dar aos seu próprios pais.

2. Pertencimento: Na lei do pertencimento, as lacunas são preenchidas. Aquele que tem seu lugar e foi esquecido ou renegado jamais deixa de fazer parte do sistema, e sua ausência, mesmo que abstrata, causa um emaranhado de mágoa, rancor, e mesmo o vazio, que impede que a energia e o amor em pertencer circulem livremente pelo sistema e que todos tomem sua parte nele. Mas quem pertence ao meu sistema? Todos os familiares de até 21 gerações ou mais, dependendo da importância que tiveram, os natimortos, os abortados, os que morreram em tenra idade, os que foram renegados, esquecidos ou cortados do círculo familiar, relacionamentos anteriores dos atuais, mesmo de pais, avós e outros, e pessoas que, mesmo de fora do sistema inicial, tenham causado, por bem ou por mal, algum impacto profundo em pessoas do sistema familiar. Um assassino, por exemplo, ou alguém que tenha sido extremamente magoado por alguém, ambos os lados acabam criando laços que os mantém como parte do sistema. Ter consciência desse pertencimento faz com que o sistema seja livre, renovado e possa fluir dentro das ordens do amor, para que todos possam seguir de forma íntegra e evolutiva.

3. Equilíbrio: Na lei do equilíbrio, falamos sobre o dar e o receber. Em qualquer relação, quem dá mais e recebe menos acaba sendo magoado. Quem recebe muito e dá pouco acaba se sentindo em dívida. Embora essa diferença, quando leve, no dar e receber acabe sendo o motor gerador de muitas relações afetivas: acreditar que devemos nos doar nos faz mais próximos e gera laços; quando em demasia, o desequilíbrio pode destruir as relações. Para que um elo permaneça, é preciso que ambos os lados entendam seu papel e o quanto precisam, e podem, doar de si para o outro, na medida em que também serão aptos a receber, ou tomar, como Hellinger muito bem frisa. Para ele, quando recebemos, estamos sendo passivos, mas ao tomar, nos tornamos igualmente ativos a quem ofertou, gerando ainda mais equilíbrio.

Essas três leis, se respeitadas, nos levam a relações saudáveis, em que os conflitos são mais facilmente resolvidos e dos quais levamos aprendizado, não mágoa, mantendo, assim, as ordens do amor fluindo em nosso sistema e recebendo essa força na vida. Por isso é tão importante compreender nosso papel no sistema ao qual pertencemos, tomar esse lugar, exercer a gratidão por ele e por tudo que ele representa em nossa existência. Muitos vieram antes de nós e outros nos sucederão. Só o equilibro poderá fazer dessa coexistência algo saudável, produtivo e amoroso, hoje e no futuro.


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