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23/08/2019   /   Drª Carla Carioni /   Constelação Familiar

Constelação Familiar x Intimidade

Quando realizamos uma Constelação Familiar em grupo, muitas pessoas sentem receio de ter sua intimidade aberta para os participantes, mas ainda assim desejam resolver suas questões, sentem que é preciso abrir caminho para o novo em suas vidas. Mas, nesse caso, como resolver?

Existe uma questão muito delicada sobre Constelação Familiar e intimidade. Muitas pessoas têm receio de abrir suas questões para o grupo, de sentirem sua intimidade sendo invadida, por exemplo. Especialmente quando há pessoas conhecidas que se dispõem a participar como representantes, por exemplo. Existem alguns pontos que precisam ser avaliados, nesse caso, e o primeiro deles é a disposição para constelar.

O que isso significa? Nós dizemos que há um “chamado” para a Constelação. Quando a pessoa tem um desejo genuíno, que começa com uma curiosidade e aumenta para uma vontade de resolver algo que nos impede de fluir, de sermos felizes, de termos melhores relacionamentos e nos sentirmos donos do nosso destino. Essa vontade é o chamado. É ela quem nos permite abrir o coração e abrir o sistema, para descobrir quais os emaranhados que estão causando as situações-problema.

O segundo ponto é o tipo de Constelação. Existe aquela realizada com bonecos (já falamos sobre isso aqui), que não entra na questão intimidade. Entretanto, muitas pessoas acreditam que a Constelação em grupo tem uma energia maior, é mais intensa e, portanto, promove efeitos mais rápidos. Isso não é necessariamente uma verdade. Entretanto, quando acreditamos em algo, geralmente nos dispomos de uma forma mais afetiva para essa crença. Ou seja, se a pessoa acredita que a Constelação em grupo será melhor, ela realmente o será.

Entretanto, é na ocasião do grupo que acontece o receio de abrir a intimidade. Então, como fazer? O primeiro ponto é avaliar o chamado. Ele realmente existe? Eu estou pronto para Constelar, eu realmente desejo entrar nesse emaranhado do sistema e descobrir o que causa a dor, as circunstâncias problemáticas, o looping de desafios que impede o fluxo da vida? Se não, é melhor esperar. Tudo acontece na hora certa!

Porém, se o chamado existe, se eu quero muito resolver aquela questão, mas a intimidade aberta é um empecilho, há a possibilidade de realizar uma Constelação às Cegas, ou seja, é possível não abrir o tema que será avaliado, abordado. O trabalho acontece da mesma forma, mas sem que todos saibam o assunto que está sendo constelado. É uma boa forma de evitar o constrangimento que tanto amedronta o constelado.

 

Mas o constrangimento existe mesmo?

Acredito que seja pertinente falar algo sobre as Constelações que pode mudar a forma como se percebe a questão da intimidade. Quando entramos em um trabalho de constelação, algo muito especial acontece. Normalmente, todas as pessoas são, de alguma forma, “tocadas” pelo assunto e situação abordados. Quando isso acontece, já não há uma consciência clara focada no constelado especificamente. Ou seja, ficamos centrados no que estamos sentindo sobre o fato, se ele nos diz ou não respeito e o que estamos aprendendo com ele.

Isso faz com que o julgamento, a curiosidade, a observação pura de expectador ceda lugar a uma conexão profunda do sentimento, da própria história de vida, e faça com que os participantes não tenham essa consciência julgadora dos fatos, mas sim, uma participação amorosa e profunda que provoca, com o tempo, a autotransformação.


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